18 de abril de 2007

O Supremo do Universo, ou a Filosofia da Matemática

No dia 15 de Abril, referi aqui mesmo que as únicas Ciências dignas desse nome eram a Física e a Matemática. Quer-me parecer que, mais do que esclarecedor, fui um pouco radical, o que me assusta mais do que o facto de ter usado a palavra "mirabolantes" na minha introdução. Mais do que pensar em arrumar as Ciências dessa forma, quer-me parecer que, a meu ver, existe uma hierarquia de Ciências, figurando, no topo e isoladamente, a Matemática, como única Ciência Pura, porque não tem objecto, e como tal, não está sujeita à barbárie que é a humanização. Incorruptível, impossível de ser manipulada erroneamente a não ser por ignorância do utilizador, como tantas vezes o Exercício-Teste de Análise Matemática III desta semana mo provou, é seguida pela Física, a mais matemática das Ciências, a que junta ao prazer da mera contemplação de uma ferramenta o prazer de utilizá-la, porque o teorema de Stokes é muito bonito (não estou a ser irónico, acho-o realmente bonito!), mas o que seria dele se não tivesse aplicação perceptível, por exemplo, ao nível do Electromagnetismo? É verdade, custa-me a crer que haja uma ferramenta matemática que não se possa aplicar a uma resolução de um problema físico, porque a matemática é interior ao Universo (estou a ficar mesmo bom a dizer o óbvio) e, bem, se é retirada de axiomas interiores ao Universo, evolui numa forma confinada pelos limites da evolução dos sistemas que lhe deram origem, ou seja, o próprio Universo. Então é legítimo pensar que a Matemática é inferior ou igual a esse limite imposto pelo Universo. Se for estritamente inferior, isso quer dizer que há questões no Universo às quais a Matemática não consegue responder - e embora não haja maneira de sabermos se o "limite do Universo" é o supremo ou apenas um majorante de onde a Matemática pode chegar, posso (e vou) argumentar que, se a Matemática não permitisse modelar a totalidade do universo, isso quereria dizer que é uma ferramenta incompleta, e o nível de desenvolvimento e crescimento dela é inferior ao do Universo. Quanto mais problemas resolvemos matematicamente, mais estamos próximos de poder afirmar que a Matemática é uma imagem simbólica do próprio Universo, embora infelizmente também seja impossível comprovar se ela é, ou não, tão completa como este, até o descrevermos completamente e sem sombra de dúvida... Gosto de pensar que um dia lá chegaremos. Até lá, resta-nos aproveitar a viagem, gozando das aplicações da Química, da Biologia e da Medicina como ciências de pleno direito, como bónus do caminho. Mas perfeita, perfeita, só a Matemática. E depois a Física.

É por isso que penso na Matemática como a idealização humana do Universo, embora ironicamente seja também tão vasta que se torne praticamente impossível a alguém dominá-la toda.

E assim termino esta incursão pela epistemologia das Ciências. Embora das próximas vezes que me referir a ela terei esquecido a frase anterior (cado não tenha ficado ainda claro, gosto da Filosofia porque se enquadra na minha forma de fazer Física - questionar o fundamento das coisas e não me dar por satisfeito até obter uma resposta estanque). Das próximas vezes que voltar à escrita espero poder discutir assuntos mais prementes, como quem tem um ego maior de entre mim e o Meowth (embora não haja discussão possível, afinal, os antigos inspiraram-se em mim para a história de um certo Narciso), ou de como aprendi a utilizar os poderes do meu amuleto radioactivo e a manipular a sua influência nas pessoas...Embora obviamente não precisasse dele para o efeito.

Até lá, possam apreciar o supremo do Universo.

1 comentário:

André Mendes disse...

cá para mim o teu amuleto está mesmo a interferir com alguma coisa.............................................com os estado do tempo. ora sol ora chuva